terça-feira, 8 de junho de 2010

Contra nós mesmos...

Ontem se falou aqui em perdoar,esse comportamento tão importante e lindo dentro de um relacionamento. E tão complexo,como se mostrou. Pela manhã,uma amiga ligou dizendo-se tocada com o texto e afirmando que tem dificuldade na medida da tirania com ela mesma,além da extrema exigência com a retidão nas atitudes.
Fiz-lhe ver o quanto é importante perdoarmos a nós mesmos da mesma forma que o fazemos com outros,sanada a mágoa,o que muitos se esquecem,carregando culpas pela vida afora e levando pedras no bolso que tanto dificultam o caminhar e exaurem,como afirma o escritor John Shapiro.
Não se concedem a absolvição,presas ás circunstâncias por conta de seus erros que geraram maus resultados e conseqüências desastrosas em cadeia que lhes acabaram caindo sobre a cabeça atrasando a vida.
Só que cultivar essas culpas não ajuda em nada,ao contrário, estimula o ressentimento, a baixa auto-estima,a amargura, como vejo em tantas pessoas que poderiam viver mais leves e lutar pelo que realmente importa:ser feliz.
Ouvi uma vez de um antropólogo brilhante que o homem é o único animal que paga muitas vezes por um mesmo erro e passei a questionar o quanto isso é verdadeiro.E muito injusto.Depois de pagar por um erro cometido e arrepender-se de ter cometido,chega! Vamos partir para outra.E, por favor, não admitir que fiquem nos acusando de novo ou fomentando as tais culpas.
Freud fala muito em translaboração,propondo que o pré-consciente que aprisionou a pessoa no passado seja revisto com coragem e honestidade para que haja a chance de eliminar os fantasmas que voltam,recapitular as lembranças no valor de hoje e rever os conceitos do passado em nova elaboração.
Perdoar a si mesmo é muito importante.Guardar para uso próprio,no momento necessário, essa importante prerrogativa, que não só se mostra que não se trata de esquecer,mas de desconsiderar a importância do auto-prejuízo que, graças a Deus,não é mais resistência à evolução.
E que conhecendo o perdão e o perdoar,também utilizá-lo para nós, naqueles momentos tão sérios e marcantes em que percebemos que não aproveitamos a vida como deveríamos e nem desenvolvemos os talentos na medida da dádiva.
Seguir o nosso caminho com luz é sábio,na certeza de que a vida é sempre maior que a mágoa e muito mais iluminada do que a sombra do rancor ou do tormento que impomos a nós mesmos.
Não lute contra você, digo o mesmo a essa minha amiga e a todos que vivem se martirizando pelo que já passou.

(Li no jornal dia desses. A crônica é de Luiz Alca de Sant'Anna)

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